quinta-feira, 15 de abril de 2010

Lotes do Shopping Park são supervalorizados: Valores dos terrenos na zona sul da cidade, que há 13 anos valiam R$ 700, chegam a pelo menos R$ 30 mil

Repórter: Marcelo Calfat
Jornal Correio de Uberlândia (06/04/2010)


Quem investiu em terrenos no bairro Shopping Park, zona sul da cidade, viu o dinheiro se multiplicar nos últimos anos. Com o desenvolvimento econômico da região, resultado dos campi universitários, casas de shows, condomínios e obras do novo shopping center, lotes que há 13 anos valiam R$ 700 hoje são vendidos, no mínimo, por R$ 30 mil.
O comerciante Sérgio Ferreira Nunes é um dos primeiros moradores do bairro. Em 1997 comprou o primeiro terreno por R$ 700, em uma esquina da principal avenida do local. Hoje possui 14 lotes. “Quando comprei não tinha nada aqui, nem ônibus passava. Mas eu sempre acreditei que essa região ia valorizar e hoje colho os frutos disso”, disse. Há quatro anos, para investir em um supermercado, Nunes preferiu fazer um financiamento em um banco a vender um dos terrenos. “Na época, eu teria que vender uns três terrenos para conseguir o montante que precisava. Hoje se eu vender apenas um já consigo todo o valor”, afirmou.
O caminhoneiro José Pires, também um dos primeiros moradores, comemora a valorização da região. “Quando comprei meu terreno, há 13 anos, paguei R$ 1,5 mil. Hoje se me oferecerem R$ 75 mil no terreno e na minha casa eu não vendo”, afirmou.
Quando comprou o lote, amigos de Pires o criticaram. “Falavam que eu era louco de comprar um terreno tão longe do centro. Ninguém achava que aqui ia se desenvolver. Hoje vemos o quanto cresceu e vai crescer ainda mais”, afirmou. O caminhoneiro pretende aguardar o terreno valorizar um pouco mais para vendê-lo e se mudar para outro bairro. “Vou esperar uns dois anos, quando deve aumentar bastante o preço”, disse.
O representante comercial Robert Salerno foi um dos poucos que não comemoraram este aumento nos preços. Há quatro anos, ele vendeu um terreno de 300 metros quadrados por R$ 6 mil. “Na época, eu precisava do dinheiro para investir em negócios. Se eu vendesse hoje teria recebido, pelo menos, cinco vezes mais”, afirmou.
Corretores de imóveis comemoram vendas
Corretores de imóveis que trabalham na região comemoram a supervalorização. Otair Avelar, que há 10 anos negocia lotes no bairro, disse que já vendeu mais de 500 terrenos. “Hoje em dia não está tendo lote para vender. Há 10 anos havia muitos, com valor de mercado em R$ 700. Hoje só tenho um para venda, no valor de R$ 30 mil”, disse. Segundo ele, este valor deve dobrar no próximo ano. “Creio que vai valorizar ainda mais.”
O corretor Carlos Antônio de Almeida disse que já chegou a vender, em média, 17 terrenos por dia. Segundo ele, muitas pessoas compraram vários terrenos juntos para investir. “Teve uma pessoa que comprou três terrenos, há dois meses, por R$ 87 mil. Um mês depois ofereceram R$ 115 mil, mas ele não vendeu”, disse.
Valorização atrai mais compradores
A valorização do bairro Shopping Park, na zona sul da cidade, tem atraído compradores. É o caso do comerciante Manoel Teixeira, que há um ano comprou um imóvel no local. “Paguei cerca de R$ 50 mil no terreno já construído. Hoje, com toda esta valorização, deve valer o dobro. Eu não sabia que ia valorizar tanto. Estou surpreso”, disse.
O casal Ricardo Luiz Ferreira, vigilante, e Patrícia Faustino Brandão, cabeleireira, que mora no bairro Santa Luzia, no setor sul, quer aproveitar a valorização do Shopping Park. “Estamos procurando um terreno no bairro, enquanto ainda não está tão caro. Mais para frente vai ser difícil comprar aqui”, disse.
Economista vê riscos no investimento
Segundo o economista Lourenço Galvão Diniz Faria, investir no mercado imobiliário é perigoso. “É uma aposta arriscada comprar um terreno esperando ele valorizar, porque pode ser que isso não aconteça. Na região do bairro Shopping Park, na zona sul, por exemplo, houve toda uma movimentação econômica, não prevista anteriormente. Ou seja, quem comprou há bastante tempo teve sorte”, disse.
Segundo Faria, não é certa uma nova valorização do bairro. “A tendência é essa, mas não podemos garantir que isso vai acontecer”, afirmou.


Postado por Mariana Mendes Silva em 15/04/2010

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