quinta-feira, 29 de abril de 2010

Pesquisa quer usar arte em educação ambiental

Jornal Correio de Uberlândia
25/04/2010
Andréia Candido

Uma pesquisa do Instituto de Geografia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) visa a comprovar cientificamente o uso da taxidermia — arte de empalhar animais — como instrumento para a educação ambiental de pessoas cegas e de baixa visão. Com o resultado do trabalho, que poderá ser concluído em dois anos, a intenção dos pesquisadores é formar professores de instituições especializadas em atendimento às pessoas com a deficiência para desenvolverem o processo de taxidermia em parceria com a UFU.
A pesquisa é inédita no Brasil na área de Geografia, segundo a professora/orientadora Adriany de Ávila Melo Sampaio. “Com a proposta pedagógica de usar animais, que normalmente são descartados por motivos como atropelamento nas rodovias, pretendemos mostrar que é preciso respeitar a fauna e a flora.”
De acordo com o pesquisador/mestrando em Educação Ambiental Eduardo Venâncio Rocha, é possível aliar informação e consciência ambiental. “As pessoas com cegueira sempre ouvem falar de animais do cerrado. Queremos que elas sintam, por meio do tato, como esses bichos são realmente quanto à textura, ao tamanho e até mesmo a dentição e incentivar os cuidados com o meio ambiente”, disse.
O instituto de Geografia da UFU possui um acervo de 14 animais como tatu-peba, capivara, tamanduá-mirim e furão, além de outros ameaçados de extinção como a onça-jaguatirica e o tamanduá-bandeira. Diferentemente de outros projetos conhecidos no país, os animais não ficarão em redomas de vidro. “A ideia é que eles sejam levados para o habitat e lá manuseados pelas pessoas com a deficiência.”
Deficiente visual há 10 anos, Morlúvia de Jesus Cutrim, de 42 anos, acredita que a taxidermia como educação ambiental trará maior segurança às pessoas cegas ou com baixa visão que desejarem ter um contato mais próximo com os animais, uma vez que a proximidade com animais vivos podem causar medo. “Tem muita gente que nasceu com a deficiência e explicar para essas pessoas como é algo, muitas vezes, se torna difícil. Com a sensibilidade aguçada que elas têm será muito mais fácil explicar a realidade da fauna brasileira.”

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