sábado, 29 de maio de 2010

Comunidade comemora asfaltamento

Jornal Correio


O governador Antonio Augusto Anastasia virá a Uberlândia na próxima quinta-feira (3) para acompanhar o início das obras de asfaltamento da MG-455, que liga o município a Campo Florido. A visita foi confirmada na sexta-feira (28) pelo prefeito Odelmo Leão, na presença de diversas autoridades, durante o lançamento do programa Segundo Tempo, de incentivo à promoção do esporte na cidade.
A confirmação do asfaltamento da rodovia traz alento para a população que hoje trafega pela estrada de terra projetada inicialmente como BR e que corta o Triângulo Mineiro em sentido norte a sul, além de interligar o distrito uberlandense de Miraporanga (Santa Maria) à sede do município. A rodovia é única que passa por Uberlândia e que ainda não é pavimentada.
O asfalto é esperado há décadas e reduzirá distâncias entre Uberlândia e o vale do Rio Grande e municípios do oeste paulista, como Barretos e São José do Rio Preto. A MG-455 também será uma alternativa para os motoristas que quiserem fugir do movimento e do perigo da BR-153 – maior rodovia brasileira em extensão. Também será um novo eixo nacional, pois corta caminho na ligação entre o Centro-Oeste e Nordeste e o Sul do país.
Segundo a Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop), as obras estão orçadas em R$ 160 milhões.
Antes de o asfalto chegar, a equipe CORREIO de Uberlândia percorreu os 107 quilômetros de estrada de terra entre Uberlândia e Campo Florido e colheu histórias dos usuários e da população que reside às margens da rodovia ou em fazendas próximas e que esperam pela melhoria.
“Aqui é um dos poucos lugares que ainda não tem ligação com lugar nenhum por asfalto. Há essa necessidade de interligação”, disse o comerciante José Carlos da Silva, que mora em Rio do Peixe, distrito do Prata, localizado a 73 quilômetros de Uberlândia e a 66 quilômetros da cidade-sede. Ambas as estradas são de terra.
Distrito do Prata espera por melhoria
De Rio do Peixe até Campo Florido são mais 36 quilômetros. A estrada é sinuosa e torna-se ainda mais estreita neste trecho entre o distrito e a cidade mais próxima. As pontes tornam-se frágeis e estreitas nesta parte da estrada. Já na primeira, sobre o Rio do Peixe, a situação é precária. A ponte é torta, em uma curva e a estrutura é sustentada por madeiras desniveladas. “Está perigosa, mas estamos esperançosos que logo vamos ter uma ponte nova com a chegada do asfalto”, afirmou o empresário Celso Santos, sócio do único posto de combustível da estrada entre Uberlândia e Campo Florido. O estabelecimento fica a menos de 500 metros da ponte.
Saindo de Rio do Peixe, a dificuldade para enfrentar o caminho aumenta e o carro sacoleja o tempo todo. Jurisdicionada ao governo mineiro, mas criada como BR, a 455 tem ao todo 137,3 Km de extensão e interliga Uberlândia à BR-364, em Planura, cidade mineira às margens do Rio Grande, na divisa com São Paulo. Apesar da localização estratégica, a estrada de terra atual pode facilmente ser confundida com as entradas de fazendas e outros traçados vicinais nas diversas bifurcações pelo caminho.
Tráfego de veículos deverá aumentar
A tendência é que o fluxo de veículos aumente antes mesmo de a obra de asfaltamento da MG-455 ser concluída, porque as lavouras de cana-de-açúcar já começam a ganhar as fazendas às margens da estrada.
Chegando a Campo Florido, a estrada de terra praticamente desaparece em uma área sendo preparada para plantio de cana de um grande grupo nacional produtor de álcool e açúcar. A mesma empresa tem uma parceria público privada com o governo de Minas Gerais para asfaltar quase dois terços dos 26 quilômetros entre Frutal e Pirajuba.
Segundo o prefeito de Campo Florido, José Catanant Neto (PT), o asfalto não vai beneficiar somente o setor sucroalcooleiro. “Vai melhorar o escoamento da produção como um todo e Uberlândia vai ficar mais próxima do estado de São Paulo pela MG-455”, disse. A interligação entre os vales do Paranaíba e do Rio Grande vai agilizar a aquisição de insumos para a população de Campo Florido.
“Para nós, de Campo Florido, vai resolver muita coisa com a 455 asfaltada. Todo convênio que assinamos com a Caixa Econômica Federal é em Uberlândia. Quando precisamos de peças para maquinário, também temos que ir a Uberlândia“, afirmou o chefe de gabinete da Prefeitura de Campo Florido, Paulo Silveira.
Com o asfalto nos 107 quilômetros da MG-455, a distância entre as duas cidades vai encurtar cerca de 70 quilômetros. “Hoje temos que ir pela BR-153 até o Prata, são 180 quilômetros até Uberlândia”, disse Silveira.
Prefeitos já receberam confirmação
Valter de Paula



Celso Santos e Eurípedes Pereira já ampliaram o posto de combustíveis, em Rio do Peixe, de olho no aumento da demanda
A população que será beneficiada pelo asfaltamento da MG-455 aguarda com ansiedade e até com certo descrédito a concretização desse sonho. “Será que agora vai mesmo?”, disse o produtor rural Mário Adolfo Andrade Júnior, que tem propriedade em Rio do Peixe. “A estrada passa na porta da minha fazenda. Se asfaltar mesmo será muito bom, porque vai valorizar a minha terra.”
Os empresários Celso Santos e Eurípedes Pereira, que são irmãos, estão otimistas com a chegada do asfalto na MG-455 e, consequentemente, em Rio do Peixe. Eles são sócios em um posto de combustíveis à margem da estrada de terra. “Ampliamos o posto há dois anos, já pensando no asfalto. O fluxo de veículos vai aumentar para escoar a produção da região”, afirmou Celso Santos. “Vamos virar uberlandenses”, disse Eurípedes Pereira, referindo-se à maior facilidade de acesso a Uberlândia.
Moradores convivem com lama ou poeira
Valter de Paula



Sebastião José é um dos produtores rurais que sofrem com os atoleiros
Enquanto o asfalto não chega à rodovia que liga Uberlândia a Campo Florido, os usuários convivem com situações extremas na parte mais próxima ao núcleo urbano uberlandense. No período de chuva, muita lama. Na seca, poeira na estrada bastante arenosa. Para a comunidade que reside no distrito de Miraporanga ou na zona rural nas imediações, com população estimada em cerca de 10 mil pessoas, a ligação com Uberlândia, trafegando por 55 quilômetros de terra, é precária. Também existe a alternativa de seguir pela estrada da Petrobras até o bairro Morada Nova, no extremo oeste uberlandense.
“Deram uma melhorada na estrada de Miraporanga, mas ainda dá problema na época das águas. Choveu é aquele atoleiro”, afirmou o produtor rural Sebastião José de Campos, que tem fazenda na margem do rio Tejuco, em um local próximo a Miraporanga e que faz divisa com o município de Uberaba.
Na parte da estrada já dentro do perímetro urbano de Uberlândia, outro problema às margens da via: o depósito irregular de lixo e detritos em terrenos baldios no bairro Jardim das Palmeiras 2. “Esperar aqui perto do lixo não é agradável, mas fazer o quê?”, disse Maria de Jesus, que aguardava, com filhos e netos, próximo ao lixão, uma carona para voltar ao assentamento Eldorado dos Carajás na fazenda Santa Fé.
Segundo o comerciante Wander Alves Pereira, o depósito de lixo é motivo de constantes queixas. “Reclamei nesta semana na Prefeitura. O lixo está chegando até o meio da rua.”
Por meio da Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Uberlândia, a Secretaria de Serviços Urbanos informou que o lixo seria retirado até sexta-feira. A reportagem do CORREIO voltou a local. Quase a totalidade do lixo mais antigo foi retirado, mas já havia outra leva nova de lixo no terreno.

Nenhum comentário:

Postar um comentário