segunda-feira, 3 de maio de 2010

Cresce o número de felinos monitorados pelo CCBE

Portal de Araguari
26/04/2010
Vanessa Pires da Cunha


Após um ano de atividades, o Projeto Onça Parda do Triângulo Mineiro, uma parceria entre o Consórcio Capim Branco Energia (CCBE) e o Programa de Conservação de Mamíferos do Cerrado, surpreende com resultados positivos. Até o presente momento, estima-se a existência de pelo menos seis onças-pardas, cinco jaguatiricas e outras 26 espécies de mamíferos na área de influência do Complexo Energético Amador Aguiar.

Nas seis campanhas de captura já realizadas, uma onça-parda e um casal de jaguatiricas foram apanhados, diagnosticados e receberam colares, equipados com rádios transmissores adquiridos pelo CCBE e, em seguida, liberados no local. “O resultado do monitoramento tem sido positivo. Foram capturados uma jaguatirica macho e uma fêmea que está prenhe, ou seja, teremos o privilégio de acompanhar a gestação da mãe e o nascimento dos filhotes”, afirmou a bióloga do CCBE, Simone Mendes.

O monitoramento é realizado em etapas e tem como objetivo acompanhar e avaliar a situação das espécies de felinos que habitam na área de influência do Complexo Energético Amador Aguiar. A partir dos resultados obtidos é possível elaborar um plano de manejo adequado à sua preservação. Este trabalho contempla uma das fases do Programa de Monitoramento de Espécies Ameaçadas de Extinção, condicionante da Licença de Instalação (LI), proposta pela Fundação Estadual de Meio Ambiente (FEAM).

Também foram capturados e equipados com rádio-colares seis raposas-do-campo e um lobo-guará, além de marcados dois cachorros-do-mato, e uma irara. Para o estudo destes animais, o CCBE forneceu o apoio logístico e contou com a parceria de ONGs e instituições no fornecimento dos colares de monitoramento. Participaram deste processo as ONGs Idea Wild, Smithsonian Institute e Neotropical Grassland Conservancy (NGC) e as instituições de ensino e pesquisa Universidade Federal de Goiás (UFG), Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e Centro Nacional de Pesquisas para a Conservação dos Predadores Naturais (CENAP)/ICMBio.

Monitoramento

Para o monitoramento, foi solicitado a licença junto ao Centro Nacional de Pesquisas para a Conservação dos Predadores Naturais (CENAP) e ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICM/Bio). Na primeira etapa foram instaladas armadilhas fotográficas em pontos estratégicos que, por meio de um sensor de calor registraram os animais. Essas armadilhas permitiram estimar - mesmo que de forma preliminar- tanto a densidade populacional da onça parda como também de outros felinos pertencentes à fauna nativa da região. Tem sido feito ainda um trabalho de conscientização e entrevistas com proprietários rurais da região.

Na segunda etapa, 40 armadilhas entre laços e jaulas utilizadas para captura dos felinos foram instaladas nas trilhas por onde passam os animais. A checagem das armadilhas ocorre duas vezes ao dia e os felinos capturados são registrados e estudados por biólogos e veterinários. “É aplicada a anestesia e em seguida são coletadas informações sobre o animal tais como peso, tamanho, amostra sanguínea, fecal e análise de período fértil”, explica o coordenador do Programa de Conservação Mamíferos do Cerrado e professor da Universidade Federal de Goiás, Frederico Gemesio Lemos.

Trabalho de Captura

Capturar felinos para estudos e pesquisas exige da equipe a “paciência de um monge”. Mesmo com toda a dedicação, a captura pode demorar dias e até meses. De acordo com o coordenador do projeto, Frederico Gemesio Lemos, o trabalho é minucioso e exige uma combinação de três metodologias: registros fotográficos, coleta de dados e entrevista com moradores.

Baseado nessas informações, as armadilhas são montadas em pontos com maior probabilidade de captura, seguindo sempre as normas impostas pelos órgãos licenciadores. Mas, segundo Frederico Gemesio os carnívoros em geral, especialmente os felinos, são animais de hábitos noturnos, discretos e ariscos, que evitam passar por locais onde as pessoas habitam ou se deslocam com frequência. “Mesmo com todos os cuidados a tarefa não é fácil. Estes animais possuem a audição, o faro e a visão muito sensíveis e são capazes de perceber mudanças sutis no ambiente. Geralmente, quando isso acontece, os felinos passam a evitar este ambiente”, afirma. Além disso, os dados levantados pelo projeto têm mostrado que o número de felinos na região é baixo, visto que hoje, o Triângulo Mineiro possui poucas concentrações de áreas de Cerrado preservadas.

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